A Estação ferroviária de Santa Apolónia é a estação terminal da atual Linha do Norte e foi a primeira estação de comboios em Portugal.
No dia 1 de maio a Estação de Santa Apolónia, situada na zona oriental de Lisboa, celebra 160 anos. Originalmente planeada como gare ferroviária e fluvial, foi implantada numa faixa estreita entre o casario e o rio Tejo - com o qual confinava antes da construção do aterro para a Av. Infante D. Henrique no início do século XX. — esta estação é o terminal da atual Linha do Norte.
Quando foi inaugurado o primeiro troço de caminho-de-ferro, entre Lisboa e o Carregado, em 1856, Santa Apolónia ainda não tinha o edifício que hoje conhecemos, funcionando com instalações provisórias no antigo convento de Santa Apolónia. Apenas mais tarde se avançou com a construção da estação definitiva, no Cais dos Soldados — onde existia um antigo Arsenal Militar, atual museu e um quartel de artilharia, que seria demolido.
O projeto foi aprovado em 1862 e teve a assinatura dos engenheiros Angel Arribas Ugarte, João Evangelista de Abreu e Lecrenier. A obra ficou a cargo da empresa francesa C.A. Oppermann, sob a direção do engenheiro Agnés, sendo inaugurada oficialmente a 1 de maio de 1865.
O edifício de passageiros de tipologia em “U”, envolvendo a gare ferroviária, foi projetado em estilo neoclássico, dispondo as fachadas de pórtico central encimado por frontão, para além de arcos de volta perfeita e saliência no corpo central do módulo principal. A nave tem perto de 120m de comprimento, 25 de largura e dispunha de altura inicial máxima de 13m na configuração inicial de 2 pisos.
No início do século XX foi objeto de ampliação com a construção de um terceiro piso que, em conjunto com o segundo piso, viriam a ser ocupados, até à década transata, por escritórios das empresas gestoras dos caminhos de ferro, permanecendo o piso térreo para os serviços de passageiros e da própria circulação de comboios.
Em 1891, com a inauguração da Estação ferroviária Lisboa-Rossio, Santa Apolónia perdeu algum protagonismo, sobretudo no tráfego de longa distância e internacional. No entanto, recuperou essa importância nos anos 50 do século passado, com a eletrificação do Rossio, que obrigou ao regresso dos comboios de longo curso a Santa Apolónia. Nessa altura, foram feitas obras significativas, incluindo o prolongamento das plataformas para acolher comboios maiores.
Em 1998, voltou a enfrentar concorrência, desta vez da moderna Gare do Oriente, construída para a Expo'98. Mas em 2007, com a abertura da estação do Metropolitano de Lisboa em Santa Apolónia, ganhou uma nova centralidade e voltou a afirmar-se como ponto estratégico na rede de transportes da capital.
Hoje, continua a ser o ponto de partida e chegada de comboios de longo curso da Linha do Norte, bem como de serviços regionais e suburbanos da Azambuja. Mais recentemente, a ala sul do edifício, virada para o Tejo, foi transformada num hotel, que abriu portas em 2022 — mais um sinal de que a histórica estação continua a reinventar-se.